Diálogo Teórico - Paulo Freire
Paulo Freire nasceu em Recife, no ano de 1921, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar algumas dificuldades econômicas. Apesar de ser formado em direito, não seguiu carreira, encaminhou sua vida profissional para o magistério.
As idéias pedagógicas de Paulo Freire se formaram da observação da cultura dos alunos, – em particular o uso da linguagem – e do papel elitista da escola. Paulo Freire foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é o de conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação.
Freire criticava a idéia de que ensinar é transmitir saber por que para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade.
Conforme o pensador, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo".
A obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo. Nela, distinguem-se na teoria do educador três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão – o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.
No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".
Compartilho muito com as idéias de Paulo Freire, pois, como ele acredita que o aluno deve aprender a “ler o mundo” para assim, poder transformá-lo. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno, para que ele possa agir de forma consciente sobre sua realidade.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Para ele, esse tipo de educação serve apenas para matar a curiosidade, o espírito investigador e a criatividade dos alunos.
Para Freire, a missão da escola e do professor é possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos e não de transmitir um saber.
Acredito que as idéias de Paulo Freire vêm ao encontro das características e objetivos do trabalho com projetos na sala de aula, visto que este tipo de trabalho permite ao aluno que ele aprenda fazendo, ou seja, o educando passa a ser o autor de seu conhecimento.
No trabalho com projeto, aluno e professor precisam primeiramente conhecer (ler) a realidade (problema), a partir daí, o aluno, mediado pelo professor, procurará responder, através de pesquisas, os porquês, os modos e as possíveis soluções do problema identificado. Mas, para que esse tipo de trabalho motive o aluno, é preciso que ele esteja inquieto com o tema do projeto, que essa inquietação cresça a ponto de fazer com ele comece a agir e o motive a transformar aquela realidade.
No projeto, o aluno explora, aplica, busca, interpreta informações e tem a oportunidade de recontextualizar aquilo que aprendeu estabelecer relações significativas entre os conhecimentos, ampliando o seu universo de aprendizagem. O aluno desenvolve competências para buscar e selecionar informações, tomar decisões, trabalhar em grupo, gerenciar confrontos de idéias, solucionar problemas, desenvolver competências interpessoais para aprender de forma colaborativa com seus pares.
Enfim, vejo muito de Paulo Freire no trabalho com projeto, pois é como ele mesmo dizia ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinho, “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, o que me lembra muito Piaget, quando dizia que a aprendizagem acontece quando o sujeito age sobre o objeto e, Vygotsky, quando dizia que o aluno aprende a partir da interação com o meio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário